Thursday, July 12, 2007

Alfinetes

...Imaginado todos os alfinetes da minha vida. Pensado alfinetes, como as pessoas que vão segurando as bainhas do meu vestido. E o meu vestido é aquilo que vou sendo, ou aquilo que vão imaginado que sou numa dialética mais ou menos constante. E há alfinetes que prendem botões que seguram o lado esquerdo ao lado direito de mim. Outros agarram só bainhas que se cosem e descosem alternativamente. Penso que o vestido nunca estará pronto, às vezes acho que podia ter mangas para os dias mais frios, mas em outros acho que não. Que não devia ter mangas, porque faz demasiado calor, e lá se desprendem mais uns alfinetes. Depois talvez ficasse bem uma fita azul. Ou uma roxa. Ou uma fita de todas as cores. Ás vezes podia ser negra, podia sê-lo todo o vestido, negro, escuro, a ausência. Mas não. Tem cores, muitas cores, tantas que ás vezes é branco.
E todas as cores porque os alfinetes existem, e tornam possível que eu exista também, e com todas essas cores. Porque se não existisse não podia estar para aqui a escrever, mas isso é outra conversa.
E só um à parte, como dizia há pouco noutro lado: Memórias, bom lembra-las e criar novas.
E...
Será que os alfinetes que se desprenderam, mas que eu lembro, que fazem parte das minhas memórias, seguram ainda partes do meu vestido?

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