Saturday, May 26, 2007

O tempo que Nos cabe Na palma da mão



Abro as mãos; nelas
podes ver
o que quiseres: apenas

o teu rosto
se não quiseres olhar

para as minhas
mãos
ou as rugas, pregas
finas
nos meus dedos,
outros sinais do tempo

que não foi teu.

Abro as mãos; repara
nelas, deita-lhes ao menos

um olhar
agora que uma estrela
rompeu os céus de Praga

e as minhas mãos já não cantam
nos teus lábios
para sempre rendidos

ao rasto da estrela
e à luz nocturna
do cristal.
António Mega Ferreira (1949)

Ia a descer as escadas de casa, e reparei por acaso que havia uma carta no correio.
É bom saber que os amigos, mesmo longe, conseguem sentir o que nos vai na alma e o que nos pesa.
No meio de uma música que me entende, das palavras de quem sinto saudades, de uma cigarrilha com sabor a baunilha, encontro um poema q me lê...
(...)

Passeia pela minha mente, nas horas livres e nas que não deviam ser, aquele que não foi nunca, inteiramente.
...«Sabes, ainda sinto o calor do verão e oiço o som da chuva pelo meio da música.»


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